Escala
A escala do mapeamento é
determinada a partir do problema geológico a ser tratado. Mapas geológicos de
escalas muito grandes incluem, por exemplo, aqueles de fundações de prédios
para avaliar os problemas potenciais de engenharia. Mapas de escala muito
pequena, como aqueles de estados e províncias, normalmente são feitos a partir
da junção e compilação de mapas de grande escala de áreas menores e mais
detalhadas.
Os termos “pequena escala” e
“grande escala” referem-se ao tamanho do mapa em relação ao terreno
representado. Desse modo, um mapa com escala 1:10.000 tem escala maior que um
mapa 1:50.000.
Tipos de mapas geológicos
Os mapas geológicos dividem-se
em:
– Mapas
de reconhecimento
– Mapas
geológicos regionais
– Mapas
de grande escala (detalhados)
– Mapas
especiais
Os mapas de pequena escala
que cobrem regiões muito grandes são compilados a partir de um ou mais desses
grupos.
Os mapas de reconhecimento
geológico são feitos para descobrir o máximo de informação de maneira rápida.
Utiliza-se escala 1:250.000 ou menor. Alguns são feitos por sensoriamento
remoto (imagens aéreas e de satélites, combinando com modelos digitais do
terreno, usando satélites e radares), com
um mínimo de trabalho no terreno.
Os mapas geológicos
regionais devem ser apoiados por fotogeologia sistemática. As escalas variam de
:25.000 a 1:50.000, embora alguns sejam de até 1:100.000. No Brasil, por falta
de levantamento topográfico adequado, os geólogos acabam tendo que fazer esse
levantamento.
Os mapas geológicos
detalhados são feitos para investigar problemas específicos que surgem durante
o mapeamento em escalas menores: alvos de prospecção, investigação preliminar
de uma represa ou outros projetos importantes de engenharia. Utiliza-se escala:
em torno de 1:10.000.
Os mapas especiais são mapas
de grande escala de pequenas áreas, para registrar detalhadamente
características geológicas específicas: pesquisa, fns econômicos, plantas de
minas a céu aberto, geoquímica, geofísica etc. As escalas variam de 1:10.000 a
1:500.
A maioria dos dados é
mantida em bases de dados georreferenciados SIG, que podem ser sobrepostos em
mapas geológicos para estudas sua relação espacial com a geologia física.
Mapas Topográficos
São indispensáveis para o
mapeamento geológico. No Brasil, algumas cartas topográficas digitais estão
disponíveis no site do IBGE:
Área Mínima Mapeável
Este conceito se refere ao tamanho
mínimo que um polígono deve assumir numa determinada escala visando o
aproveitamento do dado que ele representa. Em cartografia, define o tamanho da
área que um determinado objeto deve conter para que seja representado num mapa
ou carta geográfica. O olho humano é capaz de distinguir até 0,2 mm (Acuidade
Visual) sem nenhum tipo de lente.
A depender da escala
utilizada, o tamanho da Área Mapeável define o tamanho do erro aceitável num
mapeamento.
Posições encontradas em mapa
Quando em campo, um geólogo
deveria ser capaz de dar seu ponto de localilzação em um mapa com um erro de
até 1 mm da sua posição correta, não importando a escala do mapa; em outras
palavras, deve ser capaz de se localizar em até 10 m no solo, em uma escala de
1:10.000, e em até 25 m em uma folha de 1:25.000. Quando apenas mapas de
qualidade inferior estiverem disponíveis, vários dias serão necessários para o
geólogo levantar as posições de pontos úteis para utilizar no mapeamento
geológico. Se usar um GPS, não somente a posição determinada será conhecida,
mas também sua precisão.
A precisão de um GPS é
variável, pois depende do número de satélites visíveis, de suas configurações e
de quanto tempo você ficou conectado a eles. Nunca confie totalmente em seu
GPS, pois nem sempre ele estará acessível. Um geólogo deve saber localizar-se
no planeta Terra sem precisar de um GPS.
Lendo seu mapa
Mesmo que você esteja usando
o GPS, consulte seu mapa a fim de monitorar continuamente sua posição. Isso
poupará tempo valioso em campo, pois chegar a um local e ter de se localizar a
partir do zero pode demorar muito. Leve seu mapa embaixo do braço, e não dentro
da mochila, e inspecione-o em intervalos regulares através da capa de proteção
transparente da sua prancheta de mapas.
Quando estiver navegando:
1. Segure
seu mapa na orientação correta, usando sua bússola se necessário (Figura 3.5)
2. Procure
por feições no solo e confira se elas constam no mapa.
3. Antes
de deixar um local, olhe ao redor para ver se há mais exposições e tenha em
mente qual será sua próxima parada. Então, faça uma estimativa dessa
localização no mapa. Isso lhe ajudará a poupar tempo quando chegar lá.
Medição com passos
Como geólogo, você deve
saber o comprimento do seu passo. Com a prática, você será capaz de determinar
distâncias com a medida de seus passos, com uma margem de erro menor que 3 m em
cada 100 m, até mesmo em solos ligeiramente acidentados. Isso significa que,
quando você usar um mapa de escala 1:10.000, será possível medir 300 m de uma
área com seus passos e ainda ter 1 mm de precisão admissível e acima de meio
quilômetro se usar um mapa 1:25.000. Entretanto, a medição com passos não é
recomendada para longas distâncias, a não ser que seja essencial. Com um GPS,
distâncias maiores que 500 m podem ser medidas com a precisão de mais ou menos
5 m.
Estabeleça o comprimento do
passo explorando 200 m sobre um tipo de solo comum (e não em um solo plano e
asfaltado, como o de uma rodovia). Meça a distância com seus passos duas vezes
em cada direção contando os passos duplos, pois eles são menos prováveis de
serem contados erroneamente quando medimos longas distâncias. Dê um passo
natural constante e, sem contar, tente ajustar seu passo a um comprimento
específico, como por exemplo, um metro. Olhe para frente para que você não
ajuste inconscientemente seus últimos passos para obter sempre o mesmo
resultado.
Faça uma tabela com os
passos e as distâncias e faça cópias. Anexe uma cópia na parte de trás da sua
caderneta e uma no seu estojo de mapas. Ao usar essa tabela, lembre-se de que
você reduziu seu passo nas subidas e descidas. Por isso, cuidado para não
superestimar, isso é uma questão de prática. Se grandes distâncias precisam ser
medidas com passos, passe um seixo de uma mão para outra ou de um bolso para
outro após cada 100 passo, assim você evita perder a conta.
Localização com medição de passos e orientação com bússola
A maneira mais simples de
localizar-se em um mapa, se uma simples inspeção é suficiente, é permanecer em
um ponto desconhecido e medir a orientação com a bússola de qualquer feição
impressa no mapa, como uma casa, o canto de uma cerca de pedras ou uma junção
de rodovias. Você deve plotar a orientação no mapa (Figura 3.6). Meça a distância
com passos, contanto que ela permaneça dentro da precisão para a escala do mapa
que você está usando; trace a orientação inversa da feição, converta a
distância dos passos para metros (usando sua própria versão da tabela de
passos) e meça a distância ao longo da orientação inversa com uma escala.
Se você está usando uma
bússola prismática, a maneira mais rápida de plotar uma orientação é com o
método de marcar o ponto (MOP). Isso levará alguns segundos. Observe a seguir:
1. 1. Coloque
seu lápis no ponto do mapa onde a observação foi feita (Figura 3.7a).
2. Usando
o lápis como um pino de apoio, deslize seu transferidor ao longo do lápis até
que a origem do transferidor encontre-se sobre a linha Norte-Sul do mapa mais
próxima ao ponto; então, mantendo a origem do transferidor sobre a linha do
mapa, deslize e gire seu transferidor em volt do lápis ainda mais, até que ele
leia a orientação correta (Figura 3.7b).
3. Desenhe
a linha de direção que passa pelo ponto de observação ao longo da borda do
transferidor (Figura 3.7c).
Quanto maior o transferidor,
melhor; é recomendado um de 15 cm. Se necessário, desenhe linha de coordenadas
extras, se aquelas desenhadas em seu mapa de campo estiverem muito afastadas.
Algumas orientações, como as que se encontram entre 330º e 030º, são mais
fáceis de plotar a partir das linhas leste-oeste.
Estações ou pontos transversais
O levantamento
com estações ou pontos transversais é um método simples de plotar detalhes em
um mapa. É muito útil quando um grande número de pontos deve ser plotado em uma
área pequena. Meça uma orientação com a bússola a partir de uma posição
conhecida (p. e., a casa na Figura 3.8) e direcione para qualquer ponto
conveniente situado na direção geral das exposições (a árvore na mesma figura)
que você queira localizar no seu mapa. Meça com passos ao longo dessa linha até
que você esteja em frente à exposição lateral a ser examinada. Largue a mochila
e, então, meça seus passos em direção à exposição em ângulo reto à sua
orientação principal: essa linha é transversal. Plote a exposição. Retorne a
sua mochila e prossiga com a medição de passos em direção à árvore até chegar
em frente à próxima exposição. Esse método é bastante rápido, pois, uma vez que
a direção dos caminhamentos transversais (ou “linha de estações” de um levantamento
comum) está determinada, não há necessidade de usar sua bússola novamente;
desde que as transversais sejam pequenas, você deve ser capaz de calcular o
ângulo reto da linha transversal a partir da linha principal para comprimentos
pequenos, porém verifique com a bússola linhas transversais mais longas.
Uma variação
desse método pode ser usada em mapas que tenham cercas ou muros. Use a cerca
como a sua linha de estações. Conte com passos a partir do canto do muro ou
cerca e obtenha a transversal a partir dessa linha. Se a cerca for longa, tire
uma orientação ocasional com a bússola para um ponto distante e plote a
orientação no sentido oposto. Ela deve passar pelo muro onde você está..
Dica: Faça pleno uso de cercas e muros
impressos nos mapas para se localizar. Uma intersecção de cercas e feições do
gênero fornece pontos conhecidos. Também compare as informações de seu GPS com as
feições no mapa.
Intesecção de orientações e feições
linerares
Sua posição
em qualquer elemento alongado mostrado em um mapa, como uma rodovia, uma
trilha, uma cerca ou um rio, pode ser encontrada obtendo uma orientação com uma
bússola de qualquer feição que possa ser identificada no mapa. Plote a
orientação inversa a partir dessa feição (pontos A, B e C na Figura 3.8) para
intersectar a trajetória de um rio e assim por diante, e essa será a sua
posição. Quando for possível, verifique com uma segunda orientação de outro
ponto. Escola seus pontos para que as orientações inversas cortem a cerca ou
outro elemento linear em um ângulo entre 60º e 90º para melhores resultados
(Figura 3.9).
Ressecção com a bússola: intersecção
de três orientações inversas
A ressecção
com a bússola é feita onde o solo é muito acidentado, muito íngreme, muito pantanoso
ou quando as distâncias são muito longas para serem medidas com passos. As
orientações com a bússola são feitas no ponto desconhecido para três feições
facilmente reconhecíveis no mapa, escolhidas para que suas orientações inversas
se intersectem em ângulos entre 60º e 90º. As intersecções ideais,
infelizmente, raramente são possíveis, porém deve-se sempre tentar aproximar-se
delas (Figura 3.10). As feições nas quais os orientações são feitas incluem
cantos de muros e cercas, casas de fazendas, currais de ovelhas, intersecções
de trilhas e rios, estação de triangulação ou até mesmo uma pilha de pedras que
você tenha construído em um ponto proeminente para esse propósito.
Geralmente,
as orientações não se intersectam, mas forma um triângulo de erro. Se o triângulo tem menos de 1 mm transversalmente, pegue o centro como a posição
correta. Caso seja maior, verifique suas orientações e sua plotagem. Se ainda
existe um triângulo, aviste, se conseguir, um quanto ponto. Se o erro
persistir, é possível que você tenha coloca do a correção errada para declinação
magnética em sua bússola, talvez você esteja em uma rocha com magnetita, como
um serpentinito, esteja muito próximo de um portão de ferro ou de uma torre de
alta tensão elétrica; você ainda pode ter lido sua bússola usando um bracelete
magnético anti-reumatismo ou estar com seu martelo pendurado no cinto. Na pior
das hipóteses, sua bússola pode não estar apta para o trabalho. Quando estiver
plotando, não desenhe linhas de orientação desde o distante ponto de
observação, mas somente longas o suficiente para cruzar sua posição. Não
registre as linhas, somente desenhe-as levemente e, quando seu ponto estiver
estabelecido, apague-as.
Texto extraído de: LISLE, R.
e outros. Mapeamento geológico básico: guia geológico de campo. Porto
Alegre : Bookman, 2014.